Hello bet: Clubes precisam ir além das notas de repúdio em casos de racismo, diz Observatório

Marcelo Carvalho, idealizador do Observatório Racial do Futebol, diz que vê ofensa em vídeo divulgado por Gabigol e cobr

Marcelo Carvalho, idealizador do Observatório Racial do Futebol, diz que vê ofensa em vídeo divulgado por Gabigol e cobra mudança de postura dos times

Leandro Resende

Leandro Resendeda CNN , no Rio de Janeiro

07/02/2022 às 20:51 | Atualizado 07/04/2023 às 18:48

A denúncia e o combate ao racismo no futebol não podem restringir-se apenas a notas de repúdio, repercussão de hashtags e venda de camisas contra discriminação. Essa é a avaliação de Marcelo Carvalho, idealizador e diretor-executivo do Observatório Racial do Futebol.

Neste final de semana, o atacante Gabriel Barbosa, conhecido como Gabigol, do Flamengo, denunciou ofensas racistas vindas de membros da torcida do Fluminense após o clássico Fla-Flu deste domingo (6).

Vitinho, jogador da base do São Paulo, também utilizou as redes sociais para expor torcedores que o ofenderam. Não são casos isolados: dados preliminares levantados pelo Observatório mostram que pelo menos 53 casos de racismo e discriminação ocorreram nos estádios de futebol do Brasil em 2021.

“É uma realidade e os clubes precisam agir com mais firmeza. Não adianta o clube apenas se manifestar, como no caso do Gabigol, dizendo que está à disposição das autoridades. É necessário que se assuma a responsabilidade”, declarou Marcelo Carvalho.

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O diretor-executivo apela para que os times de futebol realmente ajam para identificar e expulsar racistas de seus quadros sociais e dos estádios. “Todos dizem ser antirracistas, mas quando há um caso concreto, colocam a palavra da vítima em dúvida”, observou.

Marcelo lembrou o incidente envolvendo o meia Celsinho, do Londrina, que foi alvo de ofensas racistas de um dirigente do Brusque (SC) durante um jogo da Série B de 2021.

Na ocasião, todos os clubes emitiram notas de repúdio. No entanto, quando o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)revogou a punição aos clubes de Santa Catarina, nenhuma equipe se manifestou.

O idealizador do Observatório Racial do Futebol enfatizou que as torcidas passaram a coibir quem arremessava objetos das arquibancadas, como forma de evitar punições esportivas, como jogos com portões fechados.

Em relação à limitação de discursos misóginos, homofóbicos ou racistas, a percepção dele é de que há um receio por parte dos próprios torcedores de rotular seus clubes como preconceituosos.

“Não vemos torcedores se levantando contra essas práticas, pelo medo de que o clube seja identificado como racista. Ninguém quer isso. Os clubes precisam ser mais proativos”, resumiu.

Em nota, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro afirmou que “defende a igualdade, o respeito e lamenta as ofensas dirigidas ao atleta Gabriel Barbosa, do Flamengo”.

O Fluminense informou que “está investigando o episódio em que um torcedor supostamente dirigiu palavras racistas ao atacante Gabriel Barbosa após a partida deste domingo. O autor da divulgação do vídeo alegou que teve a impressão, sem certeza, de ter ouvido as supostas ofensas. Nesse sentido, o Fluminense está buscando imagens do estádio para auxiliar na apuração e na identificação do autor, se houver.”

O clube reitera que considera intolerável qualquer forma de preconceito e se orgulha de manter como lema o ‘Time de Todos’, que defende o respeito ao próximo, independentemente de raça, gênero, credo ou orientação sexual.

O Flamengo divulgou uma nota em que “repudia veementemente o lamentável episódio ocorrido na partida deste domingo com o atleta Gabigol, que foi vítima de racismo. O clube presta total solidariedade ao nosso atacante e estará sempre ao seu lado. Racismo é crime”.

Por meio de nota, o Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (TJD-RJ) informou que “está atento aos últimos acontecimentos do clássico Flamengo x Fluminense, aguarda a documentação do jogo e analisa as provas para, após minuciosa apuração, tomar as devidas providências e punir rigorosamente os infratores”.

Como os clubes têm respondido a essas situações? Estamos vendo mudanças efetivas para combater o racismo no futebol?