Gapa-BS oferece oficinas de artes, conhecimento e capacitação profissional

Com 36 anos de atuação voluntária em prol das pessoas que vivem com HIV, entidade não governamental fortalece aposta na

“Não podemos decretar a morte civil de um ser humano porque ele vive com o vírus HIV”. A frase é de Nanci Alonso, presidente do Gapa-BS (Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS da Baixada Santista).

Sendo assim, a afirmação serve para mostrar como o acesso à informação, acolhimento social, garantias de tratamento, resgate da autoestima, apoio psicológico, terapia multidisciplinar e capacitação podem transformar a vida do paciente e seus familiares.

A entidade acaba de reformular suas oficinas gratuitas de formação, oferecendo novos horizontes de aprendizado educacional, artístico, cultural e profissional aos alunos. São diversas opções de cursos que visam combater o ostracismo e recaídas na depressão ou uso de drogas ilícitas.

O trabalho da entidade identificou importantes cenários ao longo de mais de 30 anos de atuação. Segundo a presidente, a realidade vivida hoje permite saber que a rede de apoio é tão importante quanto o tratamento farmacológico.

“O coquetel medicamentoso permite uma vida normal, mas não podemos imaginar que a vida com o HIV é somente isso, especialmente nas pessoas de baixa renda ou em vulnerabilidade social. Não podemos doar uma cesta básica e permitir que elas voltem para suas casas para chorar, por exemplo. As oficinas do Gapa oferecem um vasto trabalho de apoio psicológico, geração de renda e segurança alimentar. Além disso, os familiares também podem participar, fortalecendo os vínculos de recuperação”.

Nanci ressalta que as pessoas mais novas não conhecem por completo a importância deste trabalho, pois não viveram os momentos mais críticos da AIDS nas décadas de 80 e 90.

O avanço clínico que o coquetel proporcionou aos pacientes permitiu uma vida quase que normal, mas os riscos de novas contaminações e a falta de suporte psicológico não podem ser normalizados.

“Soropositivo ou não, os jovens precisam conhecer a amplitude das oficinas mantidas pelo Gapa. No quesito arte e artesanato, eles podem vivenciar o prazer de pensar, produzir e comercializar suas criações. Os materiais são oferecidos por nós para que eles desenvolvam suas habilidades manuais e sintam que são capazes de fazer algo novo”, diz ela.

 

Da alfabetização ao riso do palhaço

Apresentar o circo do riso genuíno e do resgate da criança interior que habita qualquer ser humano na fase adulta. Esse é um dos objetivos da Oficina de Palhaçaria do Gapa, uma das mais emblemáticas nessa missão de mostrar que a vida continua pulsando.

“Queremos adequar a gargalhada para formatos terapêuticos, pois sabemos que o riso bombeia sangue ao coração, evita rugas e traz muita felicidade. Trabalhamos histórias envolventes e expressão corporal junto aos alunos para rir em comunhão. O resultado que buscamos é rir com os outros, não desejamos rir dos outros. A dinâmica envolve mapa astral, lembranças da infância, entre outros fatores”, explica Ludmila Corrêa, coordenadora artística deste trabalho.

Resgatar a capacidade de aprender, interpretar e fazer uma simples conta de matemática para uso cotidiano. A Oficina de Alfabetização tem na metodologia Paulo Freire a base para que os alunos voltem a escrever, exercitar o conhecimento e prestar atenção no conteúdo compartilhado.

“Não queremos uma cópia daquilo que está no quadro negro para o caderno. Desejamos novas formas de reflexão. Na Oficina de Terapia em Grupo, por exemplo, não temos temas definido. Cada um traz a sua própria história de vida para o debate. Assim, todos podem perceber que, ao julgar o próximo, também podem sofrer julgamentos”, conta o psicólogo Andrew Augusto, responsável por algumas oficinas de capacitação da entidade.

Coordenadas por outros profissionais especializados, as oficinas do Gapa também oferecem turmas de teatro, grupo solidário, consciência corporal, entre outras opções. Segundo o psicólogo, o uso do psicodrama pode transformar aquilo que falam de ruim sobre a doença e que pode causar mal ao paciente.

“Dar um novo sentido a isso por meio de roteiros, cenas e apresentações ao público promove um caminho de cura psicológica. De forma lúdica, vamos montar uma peça teatral que conte as histórias de quem contraiu o HIV. Eles não devem ser julgados por isso e precisam entender a dignidade que existe em cada um. União, autoestima e amor-próprio fazem parte do processo solidário deste trabalho”, finaliza ele.

Serviço e informações

O Gapa-BS desenvolve várias campanhas de prevenção à AIDS, distribuição grátis de camisinhas e autoteste de HIV, serviço psicológico, assistência social, suporte jurídico, oficinas de artes e artesanato, cursos de capacitação, brechós, bazares, palestras, eventos e doações permanentes de cestas básicas aos assistidos.

A entidade aceita contribuições voluntárias e parcerias com instituições de ensino, empresas, poder público e clubes de servir.

O atendimento presencial é feito de segunda à sexta-feira, das 10h00 às 18h00. Sua sede está localizada à Avenida Dr. Epitácio Pessoa, 278 – Embaré – Santos/SP. Contatos e agendamento pelo telefone (13) 3222-3109 ou e-mail [email protected]. Saba mais no site www.gapabs.org.br.

 

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